Por Luiz Gustavo Freire
Como muitos me perguntaram sobre as aulas de Mandarin, vou esclarecer melhor como funciona o curso em si. Não é que vou aprender Mandarin em 4 meses, é impossível realizar essa façanha, mesmo que o estudante se dedique integralmente ao desafio. A quantidade de caracteres a se memorizar é insana, já que o a língua é a forma “simplificada” dos diversos dialetos chineses. Ao contarmos somente os mais famosos, chegamos a um total de 10 dialetos, sendo que um é completamente distinto do outro. Isso é muito interessante, não é igual ao Português e o Espanhol, ou o Alemão e o Holandês, que são línguas muito próximas geograficamente falando e se assemelham tanto na escrita quanto na pronúncia. Nós, brasileiros e ocidentais, achamos que as línguas orientais são tudo a mesma coisa, afinal são somente uns riscos para cima, para baixo, que combinados formam uma palavra ou frase.
Detalhe: Ironicamente, é possível descrever nossa escrita com a frase acima. Mind blowing, I know…

Por exemplo, uma criança de Hong Kong, que fala cantonês e ainda não teve contato com o Mandarin na escola, não vai conseguir se comunicar com alguém de Pequim. É como se você tentasse se comunicar com um húngaro, as letras são as mesmas, mas a maneira com que as palavras são escritas é o diferencial entre as línguas.
O método “Hanyu Pinyin” permitiu que ocidentais aprendessem o Mandarin de forma muito mais rápida. Ele basicamente traduz a sonoridade das palavras ‘chinesas’ para o alfabeto ocidental. Em outras palavras, aprendo a falar Mandarin, mas não desenvolvo todos os artifícios da língua. Sei falar, escutar e escrever, mas não ler. Com a ajuda de aplicativos, que dão um suporte gigantesco com o vocabulário e com a leitura, espero ficar tranquilo na hora de travar um diálogo. O ‘Pleco’ é um desses apps, que além de usar a câmera do seu celular para ler a escrita chinesa e traduzi-la para Hanyu Pinyin, ele também funciona como um dicionário.
Eu amo a minha professora. Ela é muito doida, e costumo ter um apreço muito grande com pessoas detentoras de tal característica. Sinceramente não sei como estou aprendendo, é uma língua muito difícil mesmo, mas senti avanços sensíveis nas últimas semanas.
Já estou aqui há quatro meses praticamente, e após esses parênteses do tamanho de um post por si só, vou registrar minhas impressões, mesmo que ainda não definitivas sobre Cingapura.
Vamos começar pelos Shoppings. Preços nas nuvens e a quantidade de lojas ocidentais é gigante, a ponto de você se sentir em um país europeu. Até aí nada demais, inclusive meio que normal dado que Cingapura é um dos maiores centros comerciais do mundo. Agora, um ponto que me deixou bem irritado é o comportamento dessas lojas. Todas as propagandas, sejam elas no metro, em ônibus, em jornais ou internet, são protagonizadas por ocidentais. A grande maioria dos modelos, masculinos ou femininos, não possui descendência asiática. Comecei a reparar nesse fenômeno quando todas as lojas possuíam em sua vitrine manequins vestidos com casacos pesadíssimos e provavelmente próprios para um inverno canadense rigoroso. Achei aquilo curioso, gostaria de saber quando eu usaria aquilo em um país com uma temperatura mínima histórica de 19ºC. Por um acaso era final de janeiro/começo de fevereiro, auge do inverno nos países do hemisfério norte. Refleti por dois segundos e cheguei à conclusão:
“Os caras não se deram nem ao trabalho de inverter a coleção de roupas para a estação local.”.
Não parei por aí.
“Se estão vendendo em todos lugares, é porque tem alguém comprando, certo!?
Seriam os turistas?
Não, eles seriam mais espertos se comprassem em seus países.
Quem compra esses casacos, então?
Provavelmente os naturais de Cingapura, aqueles que sempre viveram aqui.
Mas aonde eles usam um trambolho desses aqui?
Em todos os lugares fechados.”
Um dos apelidos de Cingapura é Air-Con City. Eles definitivamente não sabem usar essa ferramenta. Além de desrespeitar a regra não escrita de que o ar condicionado deve estar na temperatura de 23ºC, o colocam em um nível assustadoramente frio.

É comum meus óculos embaçarem ao sair do quarto ou até mesmo do ônibus (nunca senti tanta falta daquele calor humano do busão paulistano, #sqn). Só mais um parênteses aqui, é muito chato andar de ônibus aqui, não tem briga, ninguém xinga o motorista ou cobrador, o transporte sempre está no tempo previsto, nunca tem arrastão e o veículo automotor não atropela nenhum ciclista. Que droga!!
Mas voltando ao lado frio de Cingapura, recentemente recebi informações exclusivas da Marie indicando que não dá para ir ao cinema não, a não ser que você traga algumas toras de madeira e construa uma fogueira para aguentar até o final do filme.

Falando um pouquinho mais sério agora, esse é um tópico muito característico, e diz muito sobre o povo cingapuriano. De certo modo estão sempre tentando alterar a realidade e maquiá-la com elementos artificiais. O Brasil também possui uma grande quantidade de ambientes com ar condicionado, mas aqui é diferente. Eu passo umas 20 horas do meu dia sobre um ar condicionado, em média. Quando fui à praia de Sentosa fiquei espantado. Ela é 100% artificial, desde sua areia indonésia até a água do mar que fora escoada até o ponto desejado. Se você se atentar, é fácil encontrar fios, cabos ou canos passando por debaixo da areia. Entretanto, o lugar não deixa de ser um ponto turístico agradável, legal e bonito, só perde parte do encanto.

Sentosa é uma ilha cingapuriana que em malaio significa paz e tranquilidade. Esse “quintal” de Cingapura foi elaborado com o único e exclusivo objetivo de ser um ponto de entretenimento, possuindo desde um parque da Universal Studios, até diversos hotéis com pé na areia.
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