Por Luiz Gustavo Freire
Após completar a primeira perna da viagem, fiquei hospedado em um hotel no próprio aeroporto de Doha (Qatar), pois a espera entre voos era de 10 horas. Senti-me um verdadeiro sheik dono de vários poços de petróleo naquele hotel. Infelizmente não consegui aproveitar a piscina ou a academia, só me joguei na cama e apaguei. Valeu a pena dar uma descansada, especialmente em uma viagem Leste-Oeste ou vice e versa, pois a quantidade de fusos horários atravessados pela aeronave é muito grande. Mesmo assim ainda fiquei meio zonzo em minha chegada a Cingapura, mas segundo relatos de amigos que recentemente realizaram a mesma viagem, ela fica muito, mais muito mais cansativa sem o pitstop no hotel em Doha.
Entrei no avião, achei meu lugar (sempre no corredor, pois toda vez que precisar beber água ou usar o toilette, você não terá que acordar alguém ou dar cambalhotas, estrelas, mortais e pulos de parkour para atingir sua meta) e continuei a ler o livro que já folheava no lobby do aeroporto.

O nome do livro era VBA for Dummies. Já sei qual é a sua pergunta, também não sei por que estava praticando essa leitura, acho que era mais para passar o tempo e ir pensando como faria uma macro legal para prestar contas ao meu grande patrocinador: meu pai.
Instantes após dar continuidade na leitura, um cara maior que meu grande amigo Hugo Machado sentou ao meu lado. Na hora pensei “Pqp, estou dando muito azar com meus lugares!”. O rapaz estava sentado em uma poltrona, mas ao levarmos em conta os braços dele, o zé pequeno ocupava dois lugares fácil fácil. Resultado: fiquei a viagem inteira meio inclinado para não ter que ficar encostando nele. Mas ao longo da viagem ele se provou um cara gente fina, não parava de beber Whisky e chegou a cantar a aeromoça umas três vezes (confesso que se houvesse uma quarta a moça talvez caísse no papo dele). O maluco era hard-core, veio direto da balada, de Estocolmo. Ele pegou duas escalas (de Estocolmo para Londres, de Londres para Doha e de Doha para Cingapura). Ele deve estar para morrer esses dias, pois nem o meu amigo Marcelo Messias aguentaria tanto agito assim.
Eu estava sem sono durante o voo, com isso aproveitei para ver dois filmes. O Primeiro me agradou, O Planeta dos Macacos: O Confronto. Filme bem feito, coerente com o primeiro e com uma história muito convincente (tirando que é uma ficção científica, é claro, né). Mas nada de outro mundo não, apesar de dar sinais que a sequência completa dos filmes poderá ser muito boa. Gostaria de destacar a performance de Andy Serkis, que está impecável na forma de César (líder dos macacos).
Já o segundo filme fui surpreendido radicalmente. Não esperava por nada e acabei vendo sem querer, na minha opinião, o melhor filme de 2014. Gostaria de tê-lo visto em um cinema com um som legal, uma tela grande e condições normais de temperatura e pressão. O filme se chama Boyhood: Da Infância à Juventude.

O drama retrata a transição da infância para a adolescência que todo garoto sofre, porém o modo artístico com que o filme foi feito me deixou arrepiado, inclusive fui atrás dos detalhes para explicar melhor a vocês. O longa começou a ser filmado há 12 anos, e a cada ano novas cenas eram filmadas, destacando modas e tendências da época. Os atores são os mesmos, desde 2002 até 2014, quando Mason (o protagonista) entra na universidade e se torna um adulto. É impossível ser um garoto e não passar por situações similares à que Mason passou no filme, você passa a se lembrar de todas suas fases de crescimento. Foi uma viagem no tempo, como eu nunca havia presenciado antes, e pela primeira vez em minha vida senti que estou ficando velho e que o tempo está passando.
Consigo descrever a trilha sonora do filme em 6 letras: Genial. Estão presentes nela artistas como: Bob Dylan, Pink Floyd, Paul McCartney, Coldplay, Foo Fighters, Arcade Fire, The Black Keys, Foster The People, Gotye, Phoenix, Kings of Leon, Blink 182, The Hives, Vampire Weekend e Atlas Genius. Além de mim, o Barack Obama também elegeu Boyhood como seu filme favorito em 2014, segundo a revista People. Se fosse você, eu veria correndo esse filme.

Quando me dei conta faltavam apenas 30 minutos para a aterrissagem no Changi Airport. Fiquei pensando sobre o filme nesse ínterim, filme bom é assim, chega a ser prazeroso ficar só refletindo sobre a arte que foi vista.
Em resumo, a segunda perna da viagem foi muito mais agradável que a primeira. Infelizmente ficarei devendo aos senhores comentários sobre o Changi Airport. Ele é considerado o melhor aeroporto do mundo em qualidade, entretanto não vi quase nada, somente a área de arrivals.
HAHAHAHAHAHAHAHAHA 😂😂😂 amei!!!
Mal posso esperar para ler as outras partes!!
Bom trabalho, Lui!
Bj,
Lô
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